Esta semana de treinos tem sido engraçada.
Mudei o local da minha base de treinos e assim nas últimas semanas tenho treinado pela zona de Barcarena e arredores. É curioso constatar que com a mudança do local dos treinos, o perfil das pessoas com quem me tenho cruzado enquanto corro também muda.
Em primeiro lugar os outros atletas. Ainda ando a explorar as novas rotas de treino e tenho explorado sobretudo locais onde a movimentação de pessoas é mais reduzida. Ainda assim já me cruzei com, talvez, uma dezena de outros corredores. É meu hábito cumprimentar os outros desportistas, mais não seja com um bom dia ou boa noite, conforme a ocasião, mas à excepção de um outro atleta que retribuiu o cumprimento, todos os outros passam por mim de cara fechada e sem emitir um só ruído. Não sei se vão cansados, concentradíssimos ou se tem receio de perder algum CR no Strava, mas o meu único conselho é: animem-se e divirtam-se enquanto treinam.
Em segundo lugar a senhora loira do Nissan preto cuja matrícula termina em 34. Corria eu nos arredores da Fábrica da Pólvora, numa rua de sentido único e encostado à berma esquerda da estrada, já que naquele local não existe passeio. A estrada é relativamente larga, mas senti e ouvi vir um carro atrás de mim e encostei o mais que pude à esquerda. Quando está a passar mesmo ao meu lado, a senhora manda um grito para a rua, naquela que terá sido uma tentativa para me assustar. Ia completamente absorvido no meu treino e confesso que dei um ligeiro pulo para a esquerda, não pelo susto do grito mas pela surpresa e na reacção imediata de me desviar como se viesse outro carro atrás daquele. Continuei a correr normalmente. Enquanto o Nissan se afastava ainda pude ouvir as gargalhadas de gozo da loira, enquanto olhava pelo retrovisor na esperança, penso eu, de ver alguma fúria ou um dedo espetado. Apenas terá visto o meu sorriso. Este é o tipo de “partida” que eu poderia fazer a qualquer um com quem me cruzasse e ficaria também a rir-me dentro do carro. Como vou treinar por aqui muitas vezes e decorei a matrícula do Nissan, um dia destes haveremos de nos voltar a cruzar por aqui e o karma encarregar-se-á de devolver esta partida.
Por fim a senhora, mais velhota, com quem me cruzei na terça-feira. Sete e pouco da matina e já ia absorvido a correr uma subida nos arredores da Fábrica da Pólvora. Provavelmente o meu rosto seria um misto de quem devia ainda estar na cama, com um esgar de sofrimento por ir a subir num ritmo acelerado para quem tinha acordado não há muito tempo. Eu ia a correr num lado do passeio e a senhora ia a descer a rua no passeio do outro lado, pelo que eu só reparei nela quando ouvi: “Força nas canetas”, (curiosamente uma expressão que eu costumo usar), “a subida está quase a acabar”. Surpreendido com um cumprimento matinal tão efusivo, respondi com um sonoro e sorridente “Bom dia e obrigado!” ao que ainda fui brindado com um “Bom dia e que Deus o acompanhe…”. E assim o sorriso que naquele momento me ficou na cara, permaneceu até ao final do treino e reaparecia durante o dia sempre que me lembrava da tal senhora.
O karma vai e volta e se me cruzar de novo com esta senhora espero ser agora eu o primeiro a presenteá-la com um bom dia sorridente.
Continuação de bons treinos e de boas aventuras!!!
Também sorri a ler o cumprimento da sra mais velhota na terça. Karma bom, esse. 🙂