O segundo dia do Alcains Trail Camp prometia. Ia ser a minha estreia a correr na Serra da Gardunha.
O percurso foi preparado pelo Miguel Batista e o track apresentava cerca de 30 Km, a primeira metade sempre a subir, a segunda metade sempre a descer, e uma “ligeira” subida no final para acabar em beleza.
A noite foi bem dormida mas pouco dormida. Entre jantar, ir para o solo duro, cumprir a rotina de higiene, deitar e dormir, já seria mais de uma da manhã quando adormeci. A alvorada foi às 6h00.
Actualmente este é um dos meus maiores pontos fracos, preciso dormir para recuperar e acordar fresquinho. Dormi um pouco menos de 5 horas pela terceira ou quarta noite consecutiva, e sentia um pouco de cansaço a esse nível. Mas olhando ao redor do pavilhão, parecia que ninguém se queria levantar para a jornada do dia, apesar de haver múltiplos alarmes a tocar.
Lá me levantei, fui à casa de banho e os meus olhos não enganavam, parecia aquele Pokémon de que não me lembro o nome, tal estavam os meus olhos inchados.
A jornada ia começar em Castelo Novo e lá nos pusemos todos a caminho. Mais uma vez todos nos atrasámos aqui e ali e mais uma vez começámos o treino um pouco atrasados. Tudo sem stress e todos bem-dispostos, com um espirito de camaradagem muito saudável.
Lá começamos o treino. As minhas pernas estavam bem considerando que tinha feito 50 Km no dia anterior. O pulmão também não se queixava. Mas os olhos estavam pesados… No fundo estava com uma preguiça transcendental, queria correr mas a cabeça não deixava, estava difícil de acordar.
E assim os tubarões fugiram mais uma vez. Subiam que nem uns tubarões loucos a cheirar sangue fresco e rapidamente os perdi de vista, sobrando meia dúzia de carapaus de corrida lá mais para trás.
Os primeiros 14Km do percurso foram sempre a subir, sendo que os primeiros 9Km foram quase sempre por estradão, logo bastante “corriveis”. A partir do quilometro 9 entrámos numa das rotas da Serra da Gardunha, que percorre quase sempre a crista da serra, logo um percurso muito bonito. Fiz este troço sozinho, e tal como no primeiro dia tive de ir a navegar entre o GPS, as mariolas e as marcações da rota, e demorei mais tempo do que o previsto nesse troço, mas lá consegui chegar às antenas e ao marco geodésico instalados no ponto mais alto da serra. A descida foi muito interessante num trilho pelo meio de enormes barrocos de pedra. Descida muito técnica e bonita de se fazer.
O percurso continuou sempre a descer até uma aldeola de nome Casal da Serra. O troço variou entre estradão e algum alcatrão e era propício a dar velocidade às pernas, mas a minha preguiça não me permitiu passar de um certo ritmo mais moderado. Chegado a Casal da Serra, não tendo encontrado uma fonte, fui à taberna local e bebi a primeira jola de hidratação, enquanto reabasteci os bidons com água. Na taberna um dos habitantes locais, ficou muito surpreso por eu vir das “antenas” e partilhou que nunca lá tinha ido, apesar de viver ali desde sempre!
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Após esta paragem, recomecei o percurso em direcção a Louriçal do Campo. A par do troço pela crista da serra, este foi um troço de beleza impar. O trilho seguiu em grande parte paralelo ao Rio Ocreza, com muitas piscinas naturais onde apetecia dar um mergulho, com muitos vestígios e ruinas das azenhas que aí trabalhavam no passado, e uma vegetação muito luxuriante, tornando este troço um verdadeiro passeio de corrida. E chegado a Louriçal do Campo, já com 26 Km nas pernas, fiquei contente por não seguir em direcção ao Piodão que dista dali 72Km, mas sim em direcção a Castelo Novo à distância uns míseros 8Km. Estava já no estado de espirito em direcção a Castelo Novo, quando ao passar pelo café local vejo o Serradas Duarte, a Mariana e o Luis Matos, em animada tertúlia entre minis e tremoços. Lá tive de ficar com eles a hidratar mais um pouco, e assim atrasar a chegada a Castelo Novo.
Arrancámos, muito a custo, os quatro, mas aquela última subida, o calor e a preguiça que nunca me largou, não me permitiram seguir com eles durante todo o troço até final.
Chegados a Castelo Novo, foi tempo de mergulhar na piscina fluvial e aproveitar a água geladinha para um tratamento rápido de crioterapia.
Foi um percurso muito bonito, com troços rápidos, troços técnicos, paisagens fabulosas, sem dúvida para repetir num dia destes.
O Trail Camp encerrou com um almoço nas piscinas de Alcains, onde quase todos tinham tanta fome como vontade de ir dormir uma sesta. Como já estávamos em período de recuperação ainda houve lugar a uma prova de queijos da região.
Resta-me agradecer ao Didier Valente pela organização de todo este Trail Camp, e a todos os participantes pela boa companhia e momentos que proporcionaram
Continuação de bons treinos e de boas aventuras!!!
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