A caminho de Santiago III

O segundo dia parecia-me que seria o mais crítico. Depois da sova dos 44Km do primeiro dia de caminho, a primeira etapa começava com 15Km até Pontevedra.

O despertar foi suave. A ideia era sair às 7h mas acabamos saindo já bem depois das 9h00. Aproveitámos para recarregar a energia das pernas e tomar um pequeno-almoço reforçado antes da saída do hotel e assim iniciar a primeira etapa do dia igualmente com o estômago revigorado.

O sol despontava com vergonha pelo que a manhã estava um pouco fria, mas a paisagem da Ria de Vigo com o sol a despontar atrás da serra aquecia a alma enquanto caminhávamos.

Seguimos até Ponte Sampaio, local onde cruzámos o Rio Verdugo sobre uma monumental ponte de pedra. Este troço do percurso foi muito giro, cruzando a vida serpenteando por um caminho quase sempre a subir, entrando depois num trilho ladeado de árvores com folhas de todas as cores. O calor apertava e tive de fazer uma paragem técnica para trocar o casaco por uma tshirt mais leve. Os relatos que recebíamos de Lisboa indicavam um temporal cá pelo burgo, e nós no norte de Espanha tínhamos um sol esplendoroso.

Este misto de trilho e caminhos rurais levou-nos até Lusquiños, localidade já a poucos quilómetros de Pontevedra.

Ao longo desta etapa cruzámos alguns lugarejos com igrejas e capelas, para variar todas fechadas, excepção feita à Capela de Santa Marta em Santa Comba de Bértola, pequena capela datada de 1617.

Chegámos a Pontevedra por volta das 14h00, preparados para repor energias de preferência com um belo almoço.

Pontevedra é a capital do Caminho Português de Santiago em Espanha, e a mais pequena das cinco cidades galegas com cerca de 80000 habitantes.

Cruzámos o centro da cidade, visitámos a capela da Virgem Peregrina de Pontevedra erguido em 1778, e procurámos um local para almoçar. Cruzámos dezenas de restaurantes no centro histórico de Pontevedra mas nenhum nos inspirou a entrar para o almoço.

Já atravessávamos a Ponte do Burgo sobre o Rio Lérez, quando constatámos que dali para a frente seria mais difícil almoçar e que não tínhamos visitado a Basílica de Santa Maria, uma das mais bonitas igrejas de todo o Caminho, pelo que demos meia volta e fizemos esse pequeno desvio.

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Passámos uns largos minutos sentados a descansar no fresquinho que se sentia no interior da basílica, enquanto contemplávamos toda a arte e arquitectura.

Aproveitámos para carimbar a credencial de peregrino, quando a Marisa repara na porta atrás da senhora que nos carimbou a credencial com a placa: TORRE, MUSEU, VISTA PANORÂMICA. Instintivamente disse-me: vamos ver. Espantado, paguei os dois euros para a entrada e a senhora gentilmente abre a porta para passarmos, ao que a Marisa constata que tínhamos de subir escadas! Distraída e cansada dos 60 Km que já tínhamos nas pernas, nem pensou que “torre” implicaria subir escadas. Mas lá fomos 3 ou 4 andares em escada de caracol até chegar ao topo da torre e assim observar a bonita vista panorâmica ao redor de Pontevedra.

Como há que descobrir algo positivo em tudo o que fazemos, a subida à torre foi providencial; permitiu-nos vislumbrar um spot numa esplanada virada para o sol onde decidimos almoçar e que simplesmente, depois de lá estarmos é claro, constatámos que foi excelente. O restaurante Padal, com um menu de degustação muito simpático, de muita qualidade e preço reduzido, foi a melhor refeição de todo o Caminho, e retemperou-nos o estado de espírito para a etapa da tarde. Se passarem por Pontevedra não hesitem em ir lá petiscar, fica mesmo atrás da basílica.

(continua)

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Agradeço desde já a vossa participação.

Continuação de bons treinos e de boas aventuras!!!

Sobre mim…

Chamo-me Nuno Gião e sou um atleta de pelotão que gosta de correr longas distâncias. Se há uns anos atrás me tivessem dito que ia correr uma meia maratona eu chamaria louca a essa pessoa. Imaginem se me dissessem que em 2014 iria correr uma prova 100 Km... Actualmente corro Ultra Trails, participo em desafios de endurance na natureza e é sempre uma enorme satisfação que cruzo as mais fantásticas paisagens. Tento superar os diversos desafios a que me proponho. A vida é demasiado curta e bonita para ser desperdiçada sentado num sofá.

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