Para quem como eu apenas corre (ou corria) e a experiência com bicicletas é zero, a primeira pergunta que surge é: o que raio é um Gran Fondo?
Aproveito a boleia do blogue Custois Cycling para o citar nesta resposta: Existem vários significados para Gran Fondo, provavelmente grande distância ou grande endurance sejam a definição mais correta. Alguns ciclistas participam simplesmente pelo orgulho de chegarem ao final, outros pretendem melhorar os seus registos desafiando-se a si próprios ou desafiando os seus amigos ou colegas de equipa. Resumindo, Gran Fondo é uma maratona de cicloturismo onde todos podem participar independentemente da idade e habilidade.
(Recomendo a leitura do artigo completo do Custois Cycling sobre o Gran Fondo para saberem também um pouco da história destas competições.)
Esta definição de Gran Fondo é muito similar ao espírito com que encaro as corridas de endurance em que participo, e entusiasmou-me ainda mais a participar.
Mas nem tudo eram rosas, o treino era zero, o conhecimento da bicicleta era zero, a data da partida aproximava-se, e a única coisa que me dava alento era saber que tinha feito o Tróia – Sagres há três anos, num chaço e com treino básico.
Três dias antes da partida a chuva lá deu tréguas e fiz-me à estrada para um treino de cerca de 27 Km. Foram quilómetros apenas para conhecer a bicicleta, tentar perceber como funcionavam as mudanças, perceber como travar, sentir se bicicleta se adaptava ao corpo.
As sensações foram boas, mas o tempo para aprender foi curto, ilacção que só vim a perceber no Domingo.
Sexta-feira, dois dias antes da partida, consigo um rolo para treinar. O tempo de treino foi passado a montar e a configurar o rolo, não pedalando mais que 12 ou 13 Km.
Sábado de manhã acordei mais ou menos à hora em que a prova iria começar no dia seguinte. A chuva continuava lá fora pelo que não tive alternativa senão pedalar nos rolos. Fiz dois treinos básicos que totalizaram pouco mais de 65 Km. Deu para sentir as pernas e esperar que no dia seguinte estas não vacilassem ao dobrar com uns pozinhos esta distância.
Um gajo saber andar de bicicleta mas não saber andar de bicicleta é tramado.
Eram muitos os receios que vagueavam pela minha cabeça: o equipamento a vestir, os pedais de encaixe, a relação de mudanças a utilizar, o beber ou comer a pedalar, nunca ter pedalado no meio de um pelotão enorme de atletas, a sinalização e a segurança do percurso, a eventualidade de poder ter um acidente, a falta de treino, o tempo chuvoso que era previsto para Domingo, só para relembrar alguma das coisas que me inquietavam.
Sábado de tarde fui até Belém, à Praça do Império, levantar o meu dorsal e os brindes. Aí vim a saber que a prova contava com mais de 1200 inscritos, o que me pareceu um número bem apreciável. A primeira impressão com que fiquei da organização foi bastante positiva, com um processo de recolha de dorsal simples e eficiente.
Juntamente com o dorsal era oferecida uma bolsa impermeável para o telemóvel, outra bolsa de braço também para o telefone, uma lata de atum, uma garrafa de vinho tinto, uma luz traseira para a bicicleta, um bidão para a água, e um jersey da marca Gobik, muito bonito e de muito boa qualidade. Ficou ali decidido que era aquele jersey que iria levar vestido, até porque também não tinha outro mais apropriado.
Dei uma volta na feira e talvez por não estar comprador de nada ou pelos preços de qualquer equipamento ou acessório ser bem mais elevado que o material para a corrida, a feira pareceu-me algo modesta para o número de participantes.
Regressei a casa, preparei o equipamento, a alimentação, as ferramentas, testei tudo no jersey, e pareceu-me que conseguia levar o kit de sobrevivência base sem ir com mochila às costas.
Preparei a bicicleta e tentei descansar e relaxar até à madrugada seguinte para a partida.
Continuação de bons treinos e de boas aventuras!!!
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