Portugal Divide – Dia 0

Foi uma manhã de Domingo diferente.

A famelga deu-me uma boleia até à Gare do Oriente e seguiu para férias rumo a Sul. Eu apanhei o comboio rumo a Norte e segui até Valença. Foi também a minha estreia no transporte de bicicletas em viagens de comboio. De Lisboa ao Porto foi tranquilo, com lugar marcado e transporte da bicicleta assegurado no Intercidades. No comboio regional do Porto a Valença, sem lugar marcado, o único percalço foi o facto de várias carruagens terem o sinal indicativo de transporte de bicicleta mas efectivamente apenas a carruagem da frente o poder fazer. Nada que não fosse ultrapassado com a ajuda dos prestáveis funcionários da CP.

Chegado a Valença pouco depois das três e um quarto, foi altura de descermos, eu a a bicicleta, do comboio, rever todos os acessórios e apetrechos para garantir que estava tudo ok, instalar os alforges no porta bagagens, ligar o GPS e pedalar rumo a Melgaço onde pernoitei antes de dar a partida “oficial” ao início ao desafio na manhã seguinte.

De Valença a Melgaço pedalei quase 40 quilómetros que serviram de aquecimento para os dias seguintes, e também para perceber o comportamento da minha nova bicicleta e de todos os acessórios que carregava, pois na realidade não tive oportunidade de testar nem bicicleta nem bagagem senão numa curta volta à porta de casa.

Os primeiros 16 quilómetros foram pedalados na ecopista do Minho, até Monção, percurso muito bonito e tranquilo de se pedalar, no meio do campo e junto ao rio Minho. Muitas famílias a passear quer de bicicleta quer a pé nesta ecopista, que de facto é enquadrada por uma paisagem muito bonita. Na minha opinião esta infraestrutura está pouco cuidada e a manutenção deve ser nula, um pouco à semelhança do que acontece na ecopista do Dão, e noutras infraestruturas do nosso país, sejam ou não relacionadas com a actividade física.

Chegado a Monção optei por fazer o percurso mais curto até Melgaço, passando por Espanha, apanhando aí algumas rampas que já me deveriam fazer desconfiar dos percursos dos dias seguintes. A temperatura amena era bem suportável uma vez que todo o céu estava nebulado, e até parecia que poderia chover a qualquer momento. Foi assim que cheguei ao Hotel Boavista em Melgaço, onde pernoitei. Hotel simpático, com uma boa piscina, mas onde não pude dar um mergulho pois entretanto o tempo piorou e não estava mesmo para mergulhos. Disponibilizaram um local para guardar a bicicleta em segurança e lá ficou até à manhã seguinte.

O trajecto do Dia 0

Apesar do ar de chuva, arrisquei ir a pé até à Tasquinha da Portela, restaurante com mais fama nos arredores, onde efectivamente todo o staff é muito simpático e a comida bem confeccionada e saborosa. Foram dois quilómetros sempre a subir para abrir o apetite, (como se isso fosse necessário), onde já apanhei umas pingas de chuva, e depois de jantar dois quilómetros sempre a descer para ajudar a digestão, mas aí já acompanhado por uma boa chuvada.

Na Tasquinha da Portela a repor energias

Valeu-me o impermeável que já me acompanhava para precaver uma situação como esta.

Chegou a altura do descanso e foi uma boa noite de sono até de manhã.

Sobre mim…

Chamo-me Nuno Gião e sou um atleta de pelotão que gosta de correr longas distâncias. Se há uns anos atrás me tivessem dito que ia correr uma meia maratona eu chamaria louca a essa pessoa. Imaginem se me dissessem que em 2014 iria correr uma prova 100 Km... Actualmente corro Ultra Trails, participo em desafios de endurance na natureza e é sempre uma enorme satisfação que cruzo as mais fantásticas paisagens. Tento superar os diversos desafios a que me proponho. A vida é demasiado curta e bonita para ser desperdiçada sentado num sofá.

Be First to Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *