Nesta manhã teve inicio a minha sétima etapa do Challenge Portugal Divide. No meu plano inicial tinha previsto chegar neste dia a Faro e afinal ainda estava em Vila de Rei, necessitava conquistar o Cabo da Roca (o ponto mais a Oeste de Portugal) e só depois poderia seguir rumo a Faro, pelo que se alguma dúvida houvesse, não seria ao sétimo dia que iria concluir este desafio.
O objectivo para este dia era chegar o mais perto de Sintra. Até perto de Sintra o percurso seria bastante rolante, mas sendo Domingo, com a azáfama de carros e motas que todos os Domingos circulam nas estradas de Sintra e em particular na EN247 que teria de utilizar, não me parecia boa ideia conquistar o Cabo da Roca nesse mesmo dia.
Por esse motivo acordei sem grande preocupação, arrumei os alforges e fiz o habitual check-up na bicicleta sem pressas, e já seriam 9h30 quando dei início a esta jornada.
Tal como planeado o percurso não teve grandes dificuldades. Duas subidas curtas com menos de 4% de inclinação foram as maiores dificuldades do dia.
Percorri pouco menos de 20 quilómetros na EN2, desde Vila de Rei até perto do Sardoal, e este pequeno troço não me entusiasmou a fazer a EN2 no futuro. Até a poderei percorrer pelo desafio, mas penso que o entusiasmo e a curiosidade de pedalar a EN2 dificilmente surgirá.
Cruzadas Martinchel e Constância, tinha agora o Tejo como companheiro de viagem. O calor era muito e aproveitei para ir ao miradouro para o Castelo do Almourol onde iria desfrutar da paisagem e repor energias no café do miradouro. Pensava eu, pois ao chegar ao miradouro o Castelo lá continuava no meio do rio, mas o bar, que também lá estava, encontrava-se encerrado e obviamente sem nada para dar ao dente. No entanto não houve problema, ainda tinha água e bolachas com fartura, portanto foi apenas necessário retirar um pouco de peso aos alforges e imaginar que estava a beber uma jola e a comer um frango assado. Este é um dos castelos mais bonitos de Portugal, senão mesmo o mais bonito. Com alguma inveja via muitas pessoas a banharem-se na água fresca do rio, e como me apetecia dar um mergulho…
Montei de novo a bicicleta mas havia um ratinho que teimava em acompanhar-me. Não tive outro remédio senão encostar meia dúzia de quilómetros mais à frente, na Carregueira, e almoçar num restaurante à beira da estrada.
Almocei e voltei a montar a bicicleta debaixo de um calor abrasador, o que me fez parar por diversas vezes para reabastecer os líquidos sempre que possível.

Chamusca, Alpiarça, Almeirim (onde o Filipe Torres faltou mais uma vez ao abastecimento), Muge e Salvaterra de Magos, são locais onde tinha pedalado recentemente e todos os caminhos me eram já familiares, pelo que foram atravessados em velocidade de cruzeiro. Dito isto cheguei à estrada mais chata do mundo, o caminho agrícola que lida Benavente até perto da ponte de Vila Franca de Xira. Foi a terceira vez que fiz este caminho e a segunda neste sentido (Benavente – VFX). A primeira vez foi de noite e não se via nada. Desta vez foi a meio da tarde debaixo de um sol quente e consegui vislumbrar as lezírias e as plantações de tomate. São 16 quilómetros de caminho, onde os últimos 10 quilómetros são uma longa recta onde não há desnível algum, a paisagem é toda muito parecida, e quase dá a sensação que, apesar de estarmos a dar ao pedal, não saímos do mesmo sítio e que não vamos chegar a lado nenhum.
Depois foi necessário atravessar a Ponte de Vila Franca de Xira, o que é sempre um desafio. Desta vez estava muito vento lateral que me desequilibrava constantemente, e o trânsito automóvel já se sabe, não quer saber muito do palerma do ciclista que ali vai e passa a alta velocidade ao nosso lado. Apesar de não ter acontecido nada de extraordinário nesta passagem, é sempre com algum desconforto que atravesso esta ponte no sentido para Vila Franca.
Continuava em terreno conhecido, Vila Franca, Alverca e por fim Vialonga, onde virei rumo a Sintra. Apesar de me encontrar de férias, tinha uma reunião de trabalho na manhã seguinte, para a qual ainda tinha de preparar alguma informação, pelo que pareceu sensato terminar a jornada a uma hora decente, de modo a poder descansar e realizar as tarefas que tinha para fazer sem qualquer stress. Parei em Loures, na Quinta do Infantado, onde pernoitei no segundo pior hotel onde já estive, sendo que o pior de todos foi na Líbia. Pelo menos serviu para dormir tranquilamente e estar fresquinho na manhã seguinte.
Resumo do dia:
Distância 165,2 km
Elevação + 997 m / -1.396 m
Desnível Máximo 8,5%
Desnível Médio 0,5%
Velocidade média 21,7 km/h
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