Do Ultra Trail à Estrada: A Jornada Inesperada Rumo ao Paris-Brest-Paris

Há aventuras que não escolhemos; elas escolhem-nos a nós. Em 2019, uma nova paixão cruzou o meu caminho de uma forma inesperada.

Já estava habituado aos desafios e ao apelo da natureza através das Ultra Trails. Foi através de desses amigos que compartilhavam a mesma paixão pelo Ultra Trail que descobri um mundo paralelo, mas igualmente fascinante: o ciclismo de longa distância não competitivo. A mesma sede de aventura, resistência e desafio que encontrei nos trilhos estendeu-se agora ao asfalto, culminando numa curiosidade crescente sobre um dos eventos ciclísticos mais emblemáticos do mundo – o Paris-Brest-Paris.
O meu batismo neste universo aconteceu em fevereiro de 2019, no Brevet des Randonneurs Mondiaux (BRM) com o sugestivo nome de “Lost 300”, um percurso desafiador de mais de 300 Km. Nesse evento, uma simples menção do icónico Paris-Brest-Paris (PBP) atiçou a minha curiosidade. Não demorou muito para que mergulhasse profundamente nos vastos recursos online sobre este mítico evento. Através de milhares de textos, vídeos, relatos e histórias, especialmente das edições de 2015 e 2019, senti-me cada vez mais atraído pelo desafio.

Enquanto explorava, uma comparação tornou-se evidente: o espírito do PBP era assombrosamente similar ao do Ultra Trail, em particular do UTMB. Ambos os eventos juntam milhares de entusiastas de todo o mundo, unidos por um propósito e fortalecidos por uma incrível camaradagem.
O desafio colossal de pedalar 1200 Km em menos de 90 horas, com total autossuficiência e segurança, tornou-se irresistível. Ali estava, bem diante dos meus olhos, um objetivo que se consolidaria nos próximos anos, culminando no PBP de 2023.
E agora, aqui estou, à beira da partida, refletindo sobre a jornada que me trouxe até aqui. Pergunto-me frequentemente: poderia ter treinado mais? Certamente. Estarei na minha melhor melhor forma? Talvez não. Mas as circunstâncias moldam as nossas jornadas, e é com este estado físico e mental que enfrentarei o PBP. Há um otimismo cauteloso dentro de mim, uma crença na minha capacidade de completar este desafio. No entanto, como todos os desafios desta magnitude, os 1200 Km escondem os seus próprios mistérios. E, embora nunca se saiba realmente o que esperar, uma coisa é certa: será uma experiência que definirá um capítulo importante da minha vida.
Até lá, pedalo com esperança, determinação e um profundo respeito por este evento histórico.

E que venha o Paris-Brest-Paris de 2023!

Sobre mim…

Chamo-me Nuno Gião e sou um atleta de pelotão que gosta de correr longas distâncias. Se há uns anos atrás me tivessem dito que ia correr uma meia maratona eu chamaria louca a essa pessoa. Imaginem se me dissessem que em 2014 iria correr uma prova 100 Km... Actualmente corro Ultra Trails, participo em desafios de endurance na natureza e é sempre uma enorme satisfação que cruzo as mais fantásticas paisagens. Tento superar os diversos desafios a que me proponho. A vida é demasiado curta e bonita para ser desperdiçada sentado num sofá.

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