As festas de fim de ano têm essa capacidade única de nos tirar do ritmo, seja pelos excessos na mesa ou pelo aconchego do sofá. Naturalmente, a última época festiva resultou num pouco mais de peso de que gostaria de carregar nestas pedaladas. Ainda bem que o FarWest 300 estava agendado para quase quatro meses após o Évora 200. Embora o problema do peso não estivesse completamente solucionado, o tempo permitiu que fosse amenizado.
Foi a minha segunda participação no FarWest 300. Tendo já concluído este BRM em 2020, a familiaridade com o percurso foi uma bússola de conforto. No entanto, este ano trouxe uma mudança: enquanto em 2020 tinha uma bicicleta voltada para estrada e para a performance, este ano pedalei com a bicicleta com a qual pretendo enfrentar o PBP. Uma bicicleta mais adaptada às longas distâncias, pensada no conforto daqueles que, como eu, irão passar inúmeras horas no selim.
O desafio estava lançado: conseguiria melhorar o meu tempo de 2020? O resultado foi um mix de surpresa e de desapontamento. Melhorei, sim, mas apenas por 7 minutos. Um furo traiçoeiro no pneu traseiro roubou-me, no mínimo, 40-50 minutos à minha jornada, equilibrando assim as balanças do tempo entre 2020 e 2023. No entanto, senti que pedalei com uma suavidade e confiança que me permitiam acelerar ainda mais, se assim o desejasse.
O FarWest 300 é especial. Talvez porque não pedalo frequentemente pela região oeste, este percurso tem um encanto que me cativa. A partida de Vila Franca de Xira dá-nos rapidamente passagem pelo verde de Mafra e a sua encantadora Tapada. Seguem-se paisagens de costa com a brisa salgada do mar a beijar-nos o rosto enquanto passamos por Santa Cruz, Porto Novo, Vimeiro, Lourinhã e finalmente, Peniche. Óbidos brinda-nos com a sua magnífica muralha e a Nazaré impressiona-nos com as suas ondas majestosas. E assim, regressamos a Vila Franca de Xira passando por Alcobaça e Caldas da Rainha.
Os derradeiros 130 Km, pedalados em solo e com o piso frequentemente molhado, reforçaram a minha decisão de incluir guarda-lamas na bicicleta. Mantiveram-me seco e confirmaram ser um investimento valioso para trajetos longos e com possíveis variações atmosféricas.
Ao chegar a Vila Franca de Xira, senti um entusiasmo contido. Não apenas pelo BRM concluído, mas pela sensação palpável de que o Paris-Brest-Paris está cada vez mais perto. E, acima de tudo, pelo conforto de saber que estou pronto para mais.
Que venham os próximos desafios!
Be First to Comment