Paris Brest Paris – Dia 0

Uma das coisas que me faz ter saudades dos ultra trails é a simplicidade com que tudo ocorre, calçam-se uns ténis, vestem-se uns calções e uma t-shirt, uma mochila com água, comida e algum equipamento de segurança e, grosso modo, estamos prontos para a partida. Ter de transportar uma bicicleta para um local distante, garantir que ela chega inteira ao local da partida, e ter a certeza que mecanicamente está tudo bem para começar uma aventura de mais de 1200 quilómetros, no meu caso pessoal, são fatores que fazem aumentar os níveis de stress. Foi por isso que, para mitigar todos esses fatores de risco, optei por ir de Lisboa a Paris de carro, chegando a Paris com três dias de antecedência sobre a partida. Felizmente a viagem foi tranquila, tendo a bicicleta chegado inteira e em excelentes condições para o Paris Brest Paris e, já agora, também eu cheguei em condições e sem grande impacto físico da tão longa viagem. Chegado a Paris, mais concretamente a Rambouillet, foi altura de descansar da viagem e recuperar energias.

O Castelo de Rambouillet

Pessoalmente, identifico como dia 0, aquele que corresponde à véspera do evento onde vou participar. Neste caso, antevéspera incluída, foram dois os dias 0 que considerei. Há regras que costumo seguir neste dia, e desta vez não foram exceção. Coisas tão simples como alterar a dieta habitual, não descansar, fazer treinos intensos, não hidratar, comer carboidratos em excesso ou alterar a rotina habitual, são coisas a evitar no dia, neste caso dias, que antecedem a partida.

Rambouillet é uma excelente amostra da organização do PBP. O local do evento: os jardins do Castelo de Rambouillet. Um local enorme, onde havia espaço para estacionar carros, lugar para centenas de autocaravanas, local onde se podia acampar, tudo sem existir a sensação de pouco espaço ou de amontoamento. Era também aqui que iria ter lugar a partida e a chegada do Paris Brest Paris.

Almoço e hidratação com o Jorge e o António

A antevéspera da partida foi o dia para pedalar um pouco depois do pequeno-almoço, para relaxar as pernas da viagem e também para não perder o ritmo nesta última semana de “descanso”. Rolei com o Jorge Nabais cerca de 20 quilómetros ao redor de Maurepas, que permitiram confirmar que a mecânica quer da bicicleta quer do ciclista estavam em ordem.

Depois rumámos a Rambouillet onde já se vivia o espírito do PBP. Bicicletas de todas as formas e feitios já circulavam pelo recinto, ciclistas de todas as nacionalidades também e, novatos como eu, podiam antecipar desde já toda a grandiosidade do PBP. Almoçámos na companhia do António Bento e, aproveitei o período pós almoço para ir levantar o meu dorsal.

Uma das bicicletas no concurso de bicicletas

O levantamento do dorsal foi feito na Bergerie Nationale um edifício que em tempos idos deveria servir de apoio ao Castelo de Rambouillet, e que agora é uma espécie de Quinta Pedagógica Francesa. Apesar dos muitos atletas e de estar a levantar o dorsal antes da hora prevista, tudo decorreu sem confusão, recebendo o dorsal, o colete e o jersey do PBP, bem como a explicação de como deveria colocar os dorsais na bicicleta. Já no exterior recebi ainda um bidon do PBP e uma placa de sinalização igual aos milhares de placas que marcaram todo o percurso do evento. Uma bela jogada de antecipação da organização, pois em edições anteriores parece que muitos ciclistas retiravam do percurso placas de sinalização para levar como recordação.

Em poucas horas estes jardins iriam estar apinhados de ciclistas

Em todas estas movimentações andei cerca de 5 quilómetros, debaixo de um sol quente, e indiretamente estava quase a quebrar a regra do não descansar. Foi assim hora de regressar ao quarto e aproveitar para descansar o resto do dia. Após o jantar foi hora para alinhar toda a logística que iria levar comigo na bicicleta. Deixei pronto o equipamento e bagagem que iria levar à partida, reconfirmei que estava tudo ok, baterias dos equipamentos carregadas, voltei a reconfirmar, e já foi uma noite mais descansada.

A equipa dos Randonneurs Portugal (faltámos 10 à chamada)

Para a véspera estava combinado um treino e fotografia para a posteridade com os Randonneurs Portugal, aos quais não me consegui juntar, apesar de ser por um bom motivo, uma ida ao aeroporto para apanhar a família que também veio para dar apoio. O dia foi tranquilo como se queria. Almoço em Rambouillet para sentir o ambiente, uma breve visita aos expositores e ao concurso para a bicicleta mais bonita do evento, onde de facto estavam presentes bicicletas dignas de vencer o concurso Miss Mundo. Descanso no resto da tarde, jantar e mais uma noite bem dormida.

A equipa já reunida

Estava tudo bem encaminhado para a partida no dia seguinte.

Até breve(t)!

Sobre mim…

Chamo-me Nuno Gião e sou um atleta de pelotão que gosta de correr longas distâncias. Se há uns anos atrás me tivessem dito que ia correr uma meia maratona eu chamaria louca a essa pessoa. Imaginem se me dissessem que em 2014 iria correr uma prova 100 Km... Actualmente corro Ultra Trails, participo em desafios de endurance na natureza e é sempre uma enorme satisfação que cruzo as mais fantásticas paisagens. Tento superar os diversos desafios a que me proponho. A vida é demasiado curta e bonita para ser desperdiçada sentado num sofá.

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